Projeto indica onde é
possível comprar bonecas negras pelo Brasil
Para facilitar a compra e a venda, o projeto "Cadê nossa
boneca?" está mapeando lojas e divulgando o trabalho de diversos artesãos.
Em meio a uma infinidade de bonecas loiras,
brancas e com olhos azuis, milhares de crianças brasileiras não se
identificam com os brinquedos que têm à sua volta. Diversos fabricantes já
estão acordando para o fato de que representatividade importa, sim, mas a
oferta de bonecas negras ainda é escassa no mercado.
Frente a essa
realidade, as amigas baianas Mylene Alves, Ana
Marcilio e Raquel
Costa resolveram
criar um projeto chamado Cadê a nossa boneca?, em parceria com a ONG Avante –
Educação e Mobilização Social. Por meio dessa iniciativa, elas
querem chamar a atenção de pais e educadores e também da indústria de
brinquedos, é claro. A campanha está no ar desde abril de 2016.
Para além desse
debate tão importante, elas também estão realizando um levantamento sobre onde
é possível encontrar bonecas negras no Brasil. Com uma plataforma online, o
projeto está mapeando lojas por todo o país e, pelo Facebook, tem divulgado o trabalho de bonequeiros
e artesãos. Toda essa coleta de dados é feita de maneira colaborativa e
qualquer pessoa pode ajudar a mapear as lojas e/ou mostrar as suas obras.
“A nossa proposta é levantar o debate e
também agregar. Recentemente fizemos uma pesquisa levantando dados sobre o
mercado e como ele tem tratado a boneca negra enquanto produto. O que ainda
vemos é uma grande lacuna e uma grande desigualdade”, explica Mylene
Alves, que é psicóloga e também trabalha com comunicação social.
A
ideia de propagar o trabalho de quem confecciona bonecas negras é a ação
mais recente do projeto. “Desde que a campanha começou nenhum movimento da
indústria foi feito no sentido de procurar a gente para uma conversa, para
dizer ‘nós produzimos, sim, bonecas negras e você pode comprá-las aqui’. Por
outro lado, houve uma grande movimentação espontânea das produtoras de bonecas
[artesanais]. Cada uma delas tem histórias pessoais muito bonitas, que falam
sobre a necessidade de identificação”, diz Mylene.
Segundo uma pesquisa
publicada em setembro pelo Cadê
nossa boneca?, no Brasil, apenas 3% das
lojas virtuais de brinquedo disponibilizam bonecas negras atualmente, o que é
um grande problema. “Isso tem totalmente a ver com representatividade. A boneca
traz uma possibilidade muito forte do exercício da representatividade, da
aceitação e do desenvolvimento da autoestima. Quando a gente entende que
o brinquedo é feito para simular papéis que vamos desempenhar na sociedade
e para estimular a criatividade da criança, nada melhor do que ela poder se
enxergar naquele brinquedo”, completa.
Mylena diz que a resposta do público em
relação à campanha está sendo bem positiva e que cada vez mais gente está
acordando para o problema da falta de representatividade e de diversidade no
mercado de brinquedos. No Dia das Crianças, em função da grande busca por
presentes, ainda mais pessoas se queixaram da dificuldade de encontrar
bonecas negras à venda. Agora, a meta da campanha é que tanto o mapa de
lojas quanto a divulgação de bonequeiros artesãos esteja ainda mais fortalecida
para o Natal.
Para colaborar com
essa troca de informações, basta entrar em contato com a equipe do projeto, pelo inbox
no Facebook ou pelo site da campanha Cadê nossa boneca?.
Por: Júlia Warken (Bebê.com.br)
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